Como forma de promover a conscientização sobre a prevenção ao câncer de mama, convidamos uma de nossas alunas, que enfrentou a batalha contra a doença, para protagonizar a campanha do Outubro Rosa. A Mariane de Aguiar Pacini tem 42 anos e é aluna da unidade de Campinas há 21. Confira o relato:

“Eu sempre imaginei que o câncer de mama era algo muito distante de mim. Não sou obesa, tenho hábitos de vida saudáveis, pratico esportes, faço exames regularmente e não tenho histórico da doença em minha família. Sempre me pareceu algo para se ver na TV. Até que um dia, passando o hidratante após o banho, senti um caroço no meu seio esquerdo.
A partir daí, foi uma sequência de médicos, exames e angústias. Entre a percepção do caroço e o recebimento do resultado da biópsia, passaram-se uns vinte dias. Dias de angústia, dias em que eu me preparava para não receber a notícia tão temida, afinal eu não acreditava que era câncer.
Até que uma ligação acabou com a minha esperança: eu estava com câncer sim. Aquela notícia foi como uma bomba, uma sentença de morte. Pensava no meu filho, senti uma angústia sem tamanho e, logo na sequência, contei para minha família. Para eles, foi bastante difícil também, apesar de não demonstrarem quase nada. Eles me deram muito apoio e força. Sei que foi sofrido, mas, em todos os momentos, tivemos esperança.
Meu filho tinha 7 anos quando eu descobri. Não entendia muito, mas sabia que era grave. Eu olhava para ele e pensava: eu tenho que ficar boa, tenho que criar esse menino. E aí, eu me animava, levantava, fazia lição de casa com ele, conversava sobre o dia e nunca deixei que me visse triste. Aliás, nem ele e nem ninguém.
Fiz 5 cirurgias e dezesseis sessões de quimioterapia. Ver o cabelo, os cílios e as sobrancelhas caindo foi bastante difícil, pois nossa feminilidade e vaidade são postas à prova. Às vezes, tinha vergonha de sair de casa. O tratamento e as altas doses de corticoide nos fazem inchar, engordar e ficar com aquele rosto redondo, típico de quem faz quimioterapia.
Sentia um cansaço imenso: caminhar 5 metros parecia correr 5 km. Ainda hoje tenho alguns resquícios desse cansaço, pois tenho que tomar um medicamento, com vários efeitos colaterais, por mais 7 anos.
Acredito que para nós, mulheres, é muito difícil ter câncer. Como disse acima, o fato de o cabelo, os cílios e as sobrancelhas caírem nos deixam com cara de doente. O corticoide nos incha, engorda. É difícil fazer atividade física, não porque você não queira, mas às vezes você não consegue. E aí se vê gorda, careca, sem expressão, com a pele meio amarelada. É um baque na autoestima, pois você se sente a mulher mais feia e incapaz do mundo.
Por um tempo eu me deixei sentir assim, mas depois ganhei alguns lenços, fiz uma peruca com o próprio cabelo que eu havia cortado. Tentei me maquiar um pouco e, aos poucos, a sensação foi melhorando e fui me sentindo melhor. Percebi que a beleza não é só a externa, mas a interna, e isso me deu mais forças para seguir em frente.
Se eu pudesse dizer alguma coisa a outras mulheres que estão passando pelo que eu passei, eu digo para que tenham fé. Fé de que nada nos é dado sem que tenhamos como superar ou algo a aprender. Diria para que elas acreditem na cura e no poder da prece, mas que jamais desistam dos remédios e dos tratamentos, que aceitem o acolhimento das pessoas (que é muito necessário nesse momento) e que jamais desistam de lutar.
A sensação hoje é maravilhosa e, com certeza, o que antes eram enormes problemas para mim, hoje é só uma poeirinha. Aprendi que a vida é única e que temos que fazer cada momento valer a pena. Isso não é demagogia. Quando você vê a morte batendo na porta, você dá muito mais valor às pessoas, aos momentos e às atitudes de amor e carinho.
Posso dizer, sem sombra de dúvidas, que hoje sou uma pessoa muito melhor e muito mais forte, no sentido psicológico e de autoconhecimento. Com 42 anos, tenho uma vontade imensa de viver e de poder ver os filhos do meu filho crescendo.”
Relato emocionante, né? O câncer de mama é o tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil. A cada ano, são mais de 2 milhões de novos casos. A taxa de mortalidade, porém, caiu cerca de 40% graças ao diagnóstico precoce. Por isso, é muito importante promover a conscientização sobre o autoexame e os hábitos que podem prevenir a doença.


Segundo especialistas, ter uma alimentação balanceada ajuda na prevenção do câncer de mama, reduzindo em 28% o aparecimento da doença. Praticar 45 minutos de atividade de intensidade moderada cinco ou mais dias por semana também pode ter um efeito protetor contra a doença. Não cale seu corpo, proteja-se.

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