Eu me peguei pensando a respeito do tema que gostaria de abordar com vocês no nosso 3º encontro, quando fui surpreendida por uma criança na academia me cobrando uma punição a um amigo que, de acordo com a sua fala, “havia feito bullying com ele”. Após buscar alternativas para solucionar o conflito entre os dois alunos, cheguei à conclusão de que este seria um assunto interessante a ser tratado aqui no blog. O bullying está na ponta da língua de um aluno de 9 anos, apesar de ter sido empregado de forma equivocada naquela situação. Afinal, o que é bullying? Vamos começar pelo começo, ou seja, pela origem do termo. Não há tradução para o português para a palavra bullying, mas sabemos que ela deriva de bully, que em inglês significa valentão. Este comportamento foi identificado oficialmente na Noruega, com as pesquisas do professor Dan Olweus. Seu objetivo era compreender a tendência suicida de adolescentes e as conclusões de seus estudos apontaram que a maior parte destes jovens havia sofrido algum tipo de ameaça.
O bullying representava um mal a ser combatido. A idade crítica para o aparecimento do bullying está localizada na faixa entre 10 e 21 anos, embora a predominância aconteça entre 11 e 13 anos. Há duas formas de praticar o bullying: direta ou indiretamente. Na forma direta, as vítimas são atacadas verbalmente (ou fisicamente, em casos extremos), sendo mais comum entre os meninos. Na forma indireta, a vítima é isolada, sofrendo indiferença e negação de seus desejos, sendo mais comum entre as meninas.
É importante ressaltar que para ser caracterizada como bullying, a intimidação deve ser repetida sistematicamente. Há três personagens que sustentam a estrutura do bullying: o agressor, a vítima e a testemunha. Sem a presença de algum destes 3 elementos, a situação não será classificada como bullying. Como combater o bullying? Em primeiro lugar, adotando uma educação dialógica.
Conversar a respeito do assunto, discutir sobre as relações interpessoais e respeitar as diferenças, certamente auxilia na construção positiva de valores, com a consolidação de um ambiente de respeito mútuo. Em segundo lugar, atuando formalmente nos personagens envolvidos. A platéia deve ser trabalhada no sentido de reconhecer o assédio e informar o educador quando a situação acontecer. Sem platéia não há bullying porque o autor da agressão pratica o comportamento justamente para se auto promover. A vítima deve ser assistida e assegurada, de tal forma a elevar sua autoestima. É justamente sua incapacidade de reagir que a torna alvo do agressor. O agressor deve ser acompanhado e orientado.
Estatísticas comprovam que 80% dos autores de bullying reproduzem a agressão que sofreram.
Neste sentido, é fundamental a parceria entre a instituição de ensino e a família. Assumir que a situação está acontecendo é o primeiro sinal de alerta para buscar alternativas que interrompam de forma eficiente este ciclo vicioso.