Superação, garra e muita determinação foram os combustíveis do professor da Cia Athletica Pedro Jordano para conquistar a 37ª posição, 1ª da categoria de 40 a 50 anos, no Spartan Race.

Ele é professor de judô em nossa unidade de Kansas e, apesar de ser viciado em corrida de obstáculos, essa foi a primeira vez que se dedicou a uma corrida desse nível. Depois de encarar a competição em uma temperatura de 2 graus, na fazenda Picarquín, no Chile, ele nos contou como foi fazer parte da categoria Elite que está entre as mais difíceis do mundo. Confira nossa conversa e algumas dicas de como se preparar para esse tipo de desafio:
Como surgiu a ideia de participar da Spartan Race? Pedro: Eu comecei minha preparação para a Spartan Race encarando como a realização de um sonho, já que ela é a competição mais famosa do mundo para quem faz corrida de obstáculos. A ideia de ir para o Chile participar veio no ano passado. Na minha cabeça, o plano era ir para lá atrás de patrocínio e encarar a competição. Como era algo que eu queria muito, a decisão foi meio na loucura. A vontade era tanta que eu iria mesmo que fosse para pagar tudo do bolso. Mas, no final das contas, meus patrocinadores Salomon, Cia Athletica e KRVA me ajudaram a realizar esse sonho.
Quando começou a prova, como estava a sua expectativa? Pedro: Estava a um milhão! Já no aquecimento, começou aquele friozinho na barriga e uma expectativa enorme de encarar a prova. Uma situação que aconteceu lá, e que eu nunca tinha passado, foi largar com chuva. A chuva dificulta muito, o ânimo precisa ser dobrado e a determinação muito grande. Após a largada, logo no começo, já tive que passar em uma floresta fechada com árvores cheias de espinhos. Acho que fazem de propósito pra você entrar no espírito e dar umas raladas, tipo um “acorda para a vida”. Uns 300 metros depois tem uma montanha com um percurso de subida que não acaba nunca. No começo, fui trotando, mas na hora em que cansei tive que tentar andar rápido. O difícil foi o ar muito gelado. Com a respiração tem hora que seu nariz e seu peito ficam gelados demais. É muito cansativo. Tinha muita gente caindo e escorregando, tudo isso sem ter obstáculo, só uma montanha com subida de dar medo. Foi sem dúvida a prova mais insana de que eu já participei. Muito frio, muita chuva e muita lama.
E os obstáculos?  Pedro: Tinha vários! Foram mais de 30 tipos de obstáculos. Tive que atravessar um rio supergelado, subir muros com cerca de 2,70 metros, sem apoio. Também teve lançamento de harpão e uma espécie de corrida em cima de tocos de madeira. Todo obstáculo que você erra ou não consegue passar precisa pagar penalidades. Então, se for subir uma corda e no meio do caminho cair, vai ter que pagar 30 burpees como penalidade. Além de ser cansativo, perdemos muito tempo.
Qual foi a maior dificuldade da corrida? Pedro: Foi a subida na montanha, sem dúvida alguma. Não conta como um obstáculo, mas com certeza foi o que deu mais desgaste. Aqui o treinamento se faz na esteira ou em algum parque que tenha subidinha, mas não uma montanha de meia hora de subida, com água e ar gelados. O fator externo é uma coisa muito complicada que você não tem na academia. Eu costumo treinar com uma máscara (training mask) que simula altitude, mas o problema não foi a altitude e sim o frio.
Qual foi sua percepção ao final da prova?  Pedro: Sobre a prova especificamente, não tem o que falar. Uma prova de 3.000 pessoas, você conseguir ficar em 37º lugar e 1º na sua categoria de idade (40 a 50) é sensacional para quem foi com a percepção de simplesmente terminar a prova. Tem duas palavras que eu uso para definir a corrida inteira: INSANA e PERFEITA. Eu participei na categoria Elite de 5km+. Quando saí do Brasil, estava preparado para correr por volta de 5km. Durante o percurso fui monitorando no meu relógio e chegou a dar 8km. Falei com os organizadores da Spartan sobre a diferença de quilometragem e eles me disseram que o “+” do 5km+ poderia ser qualquer coisa, tipo: “vai lá e faz, se vira”. E foi o que aconteceu: “faca na caveira”. (risos) Como eu participei na categoria Elite, é bem mais pesado. É cada um por si, ninguém ajuda ninguém porque somos todos concorrentes. Como a corrida vale prêmios em dinheiro, fica muito mais competitivo. O primeiro lugar recebeu 2 mil dólares, o segundo recebeu mil dólares e o terceiro 500 dólares.
Você chegou a se arrepender em algum momento difícil da prova?  Pedro: Durante as dificuldades da prova, pensei: “não volto nunca mais para essa prova”, mas quando eu terminei, eu já estava praticamente comprando a passagem para ir para a próxima. É muito motivador. Foi inesquecível em todos os sentidos para minha vida, desde o primeiro momento em que cheguei ao Chile até a prova.
Quais as diferenças entre as corridas de obstáculos aqui do Brasil e a Spartan? Pedro: Não dá para comparar com as daqui devido à dificuldade do terreno, condições climáticas, regras e altitude. Os organizadores disseram que foi uma das piores provas da Spartan, tirando as provas da neve.
Qual tipo de treino você faz para ter um rendimento melhor na parte de obstáculos? Para uma pessoa menor preparada que fazer uma Bravus por exemplo, por onde ela pode focar ou começar? Pedro: Nos obstáculos, se requer muita puxada. Puxar corda, puxar para subir muro e puxar para fazer o pêndulo. Então, na musculação, é legal dar uma ênfase no treino de puxada. Um trabalho bem-feito de costas também é fundamental.   Correr pelo menos umas 4x por semana e variar na velocidade com tiros de vez em quando para aumentar a parte de cárdio ajuda também. Bastante inclinação para fortalecer as pernas e subida de escada. A minha preparação é um treino adaptado realizado pelo Team Titius na Cia Athletica. Temos provas de obstáculo e um trabalho específico com colete, saco nas costas, medicine balls, etc.
Quais são os principais pilares da prova? Pedro: Corrida, resistência e muita resistência psicológica.   Você acha fundamental a preparação psicológica para esse tipo de desafio? Pedro: Uma preparação com meditação ou yoga é essencial. Se você deixar o friozinho na barriga prejudicar, fica difícil. A coisa mais fácil do mundo é desistir, já que você vai estar sozinho e cansado.
E a sensação da volta?  Pedro: Ao chegar no hotel estava cheio de barro, fui tomar banho e ali deu aquela sensação de dever cumprido. Essa foi a hora de avisar todo mundo, contando o resultado para os amigos, treinadores e família. A medalha vira um amuleto, uma coisa superbacana de carregar e te traz uma lembrança absurda de tudo o que rolou na prova. Cheguei a dar uma volta em Santiago com a medalha no peito, só que estava dentro da camisa para não pagar tanto mico. (risos)
Quais são as próximas etapas? Vamos voltar a te ver por lá?  Pedro: Com certeza! A próxima é em agosto, dia 26, com 16km e cerca de 35 obstáculos. A última será nas Cordilheiras dos Andes, com 25km e cerca de 40 obstáculos, que é a corrida da neve.   Ficou com vontade de desafiar seus limites na Spartan Race também? Entre em contato com a Cia Athletica mais próxima. Se surgir alguma dúvida, deixe sua pergunta nos comentários que responderemos em breve. Será um prazer ajudar você a atingir seu objetivo.   Saiba mais sobre o Team Titius: http://bit.ly/titiosnoapelido Acompanhe Pedro Jordano no Instagram @pedrojordano.

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